SAUDATIO

"a alma é divina e a obra é imperfeita; este padrão assinala ao vento e aos ceus; que da obra ousada é minha a parte feita... o por-fazer é só com Deus!

2.01.2008

100 anos...o dia negro...



Cumpre-me, por forças maiores, abandonar longo período de abstinência escritural, para deixar nestas folhas sujas, alguns resquícios de respeito, de reverência, de consideração, de elogio , mas também de tristeza, de desgosto, de descontentamento que neste dia cumpre recordar.

Neste primeiro de Fevereiro do ano da graça de 2008, cumprem-se precisamente 100 anos, do dia que fica para os anais da historia como um dos mais negros da historia da pátria portuguesa, e, certamente o mais negro da historia moderna do nosso pais.
Malfadado 1 de Fevereiro de 1908, onde em plena Praça do Comercio, perderam a vida ás mãos (ou melhor, ás balas) de cobardes republicanos, el-rei D. Carlos I e o príncipe regente D. Luís Filipe.
Obviando a contradição dos termos, fazendo uma retrospectiva do século que se seguiu a este infeliz dia, podemos concluir claramente que, à conta dos membros da canalha carbonária, esses joguetes e marionetas de republicanos e maçons, Portugal caiu definitivamente no abismo de que teimava em se afastar.

Obviamente a Republica fez o favor de, por entre véus e ondas de poeira, tentar justificar o injustificável, encobrindo a verdadeira razão e mandantes do regicídio, atirando para o próprio rei a culpa da sua própria morte.
O que desde logo não admira, pois urge ainda hoje a necessidade de esconder o facto de vivermos numa Republica que nasce e se implanta à sombra de um acto de terrorismo. Se, nos dias que correm, abominalizamos (e bem) os actos de terroristas no médio-oriente e bombistas suicidas que ceifam milhares de vidas inocentes, paremos para pensar na nossa história, e no regime politico que nos foi imposto à lei da bala.
Devem pois os nossos doutos laicos e republicanos, parar pois de atirar pedras ao ar, e admitir que os vidros que caem juntamente com essas pedras não são ressabianço de uma minoria monárquica, mas sim dos telhados de vidros que lhes cobrem os chapéus.

Num verdadeiro acto de contrição, deixe pois a nossa livre, justa e solidária República que nosso País se reconcilie com a sua História. Não deixem os doutos republicanos continuar hoje a ensinar-se, a afirmar-se e a quase que a justificar-se que o assassinato de El-Rei D. Carlos foi político, encobrindo-se a sua verdadeira razão de ser.
Se a nossa República é solidária, justa e fraterna, se como consta na nossa Constituição, a República Portuguesa é um estado de direito democrático, baseado no pluralismo de expressão e organização política democráticas, porquê o facto de se proibir a participação de uma banda militar nas comemorações de um regicídio??
E o porquê de não se conceder um dia luto nacional em homenagem, respeito e consideração a um grande estadista português e seu filho, barbara e covardemente assassinados??

Todavia, a douta República em nada se opôs a uma homenagem ao Buíça e ao Costa, fazendo passar à geração actual e aos mais jovens que matar um Chefe do Estado, porque não se gosta dele, é legítimo e até merece uma homenagem. O mesmo se diga de Aquilo Ribeiro no Panteão, certamente não tanto por ser um escritor (veja-se, entre muitos outros, Fernando Pessoa, Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco, Barbosa du Bocage, Alexandre Herculano, Eugénio de Andrade ou Miguel Torga, verdadeiros magnânimos da nossa literatura e que (surpresa das surpresas) não tiveram ainda a honra do Panteão).
Reafirmando a tragédia do negro dia de há 100 anos, para quem põe em causa o facto de o regicídio ter sido o caminhar para o abismo em que nos arrastamos olhemos, a título de mero exemplo, para a nossa Europa, e facilmente constatamos que os países que mais se desenvolveram nos ultimo século foram precisamente aqueles que não foram afrontados com barbaras revoluções e, de entre eles, todas as monarquias constitucionais europeias (veja-se a Bélgica, a Holanda, os países nórdicos ou o Reino Unido) e a Suíça, uma república "medieval". Há a excepção, a Alemanha, que não serve de comparação.
Comparando Portugal com os outros países europeus na época, Portugal era um país de desenvolvimento médio, com boas referências económico-sociais. Comparando com os dias de hoje, ligamos a TV e abrimos os jornais e somos sempre confrontados com números que atiram constantemente com o nosso país para os últimos lugares da Europa. Hoje estaríamos a meio da tabela europeia ou acima.
Com uma monarquia, seguramente não se criaria uma turbulência de disputa de poder como se passou em 15 anos de 1ª Republica, onde 9!!! presidentes passaram pela cadeira do poder, com resultados catastróficos para a nossa Pátria, que em pouco mais de uma década, perdeu milhares de contos de réis ficando a economia á beira da bancarrota e milhares de jovens chacinados no centro da Europa, numa guerra mundial em que ainda hoje se pergunta por que raio, Portugal sentiu necessidade de para aqui fornecer carne para canhão!!

Com uma monarquia, certamente que a descolonização, a ser feita, não teria sido feita ás pressas, á socapa, e em beneficio do bolso de meia dúzia de laicos e republicanos, tendo-se, em alternativa, procedido á formação de uma espécie de Commonwealth portuguesa, de uma União Lusófona (lembremo-nos de que poucos anos antes da sua morte, o príncipe Luís Filipe encetou um périplo pelas nossas terras em África, inteirando-se da sua real situação e potencialidades).
Com uma monarquia, necessidade não teria havido para uma revolução em 1926, que levou à segunda república, e não teria sido preciso um 25 de Abril, que com as suas campanhas de nacionalização atrasou a economia portuguesa de uma maneira gravíssima.

As três revoluções que a República nos trouxe foram altamente negativas para o País. A primeira e a última são celebradas com um feriado nacional, o que não faz sentido, quando olhando para a primeira e constatamos que celebramos um acto nascido de terrorismo e de barbárie, e o segundo de libertação de um regime que nasceu e se implantou graças à bacorada feita e que se arrastou na primeira Republica.

Ao celebrarmos, com feriados nacionais e homenagens, as ditas revoluções, estamos a sugerir a que em próximas calendas, em situação de crise e de aperto, venha um militar ou um terrorista e tome conta disto, ao invés de insistir no respeito pelas instituições democráticas, estas sim, imprescindíveis e claramente conciliáveis com uma monarquia.

A nossa Constituição devia consagrar sim a inalterabilidade da forma democrática de governo, ao invés de consagrar que é inalterável a forma republicana de governo. A nossa Constituição, como apregoam convictos e fundamentalistas republicanos, consagra a Republica Portuguesa como uma Republica soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e da vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária, bem como afirma a Republica como um estado de direito democrático, baseado na soberania popular....

Agora aqui o abade pergunta-se: se a Republica se baseia na vontade e soberania popular, na vox populi, alguem consultou o povo, alguém pediu a opinião ao povo, no que respeita à sua vontade de assassinar um Rei e à sua vontade de implantar e viver numa Republica??


Se a houve, a história não fez o favor de a consagrar.....

...e tenho dito!!!