SAUDATIO

"a alma é divina e a obra é imperfeita; este padrão assinala ao vento e aos ceus; que da obra ousada é minha a parte feita... o por-fazer é só com Deus!

12.15.2008

bendito magalhães...


Isto assim é que é meus caros paroquianos. A verdade, verdadinha é que finalmente o mundo moderno e virtual finalmente chegou à sacristia. Graças aos prodígios da humanidade escrevo esta crónica pela primeira vez desde a nossa aconchegada sacristia. É que na realidade, todas as restantes crónicas que ocasionalmente iam sendo afixadas neste pasquim electrónico, só o eram graças aos dias em que aqui o abade conseguia ir jantar a casa da mãezinha, (o que ultimamente mais raro se tornou em virtude da necessidade de pregar em freguesias longínquas) dado que intrenet na paróquia viste-la!!

Até agora, pois finalmente o abade conseguiu arranjar maneira de mesmo debaixo do santo tecto do senhor ter aberta uma outra janela para o resto do universo para além daquela que já é por si a casa do senhor.


É que aqui o abade foi ficando deveras intrigado ao aperceber-se, nas últimas calendas, da mudança de hábitos e costumes de vários insignes paroquianos.


Ora, choca à vista descarnada e abisma-nos de espanto quando um humilde servo de Deus e profundo conhecedor da comunidade como aqui o abade, se depara com o nosso caro Zé das Mulas, simples e humilde homem rude do campo, cuja única arte em que é mestre é a de bem cavar a terra ou com o distinto Manel da Porca, sabedor da arte de bem cortar a palha, a passearem-se recentemente pelas ruelas e botequins da nossa paroquia acompanhados não de apenas uma, mas de variadas frondosas e singelas moçoilas de elegante silhueta, elevada estatura, peitos fartos, largos quadris, curvilíneas formas e nativos dialectos (aqui o abade deu-se, inclusive, a pensar consigo mesmo que realmente tanto um como outro deram efectivamente jus aos epítetos que se lhes aplicam.)



Intrigado perante tamanho feito para gente das profundezas do nosso belo interior, vai de velas e aqui o abade tratou de se informar e, sabendo que os visados e o respectivo rebanho de parceiras são presença assídua nas jogatanas de bisca lambida ali tasco do Florêncio das Urtigas todas as sextas depois das ultimas novas, aproveitando a oportunidade, pelo meio de meia dúzia de bagaços e de 3 manilhas puxadas debaixo da mesa, aqui o abade, à socapa de um ás de trunfo, lá se virou prós ditos cujos e lhes questionou que graça de Deus lhes desceu dos céus, qual espírito santo, para agora comungarem o seu dia a dia com tão belas flores do Éden.



Ao que o nosso Zé das Mulas responde que foi tudo graças ao seu voto bem empregue.



Ainda mais intrigado, aqui o abade confrontou novamente os ditos, já depois de uma renúncia encapotada, de modo a que estes esclarecessem por miúdos essa estoria dos votos.


Ao que o nosso Manel da porca replica que foi graças ao “Socras” que hoje em dia eles se dão ao luxo de se acompanharem com tremenda guarda de honra.


Ao que eu contraponho que não se me cabia no espírito que tivesse sido o nosso primeiro que lhes tivesse fornecido tal companhia, para além do mais que aquele nunca havia posto pé na nossa paroquia!


Dai que uma das pequenas singelas, de seu nome Svetlana não sei que, e num português meio atropelado, que tudo se deve ao nosso primeiro porque foi graças a ele que eles se conheceram… por intermédio do famigerado Magalhães.


Aí finalmente fez-se luz na mente aqui do abade!! Realmente foi graças ao Magalhães e pelo seu preço de meia dúzia de tostões já com Internet incluída que aqueles dois ilustres se depararam com as ditas cujas… em que endereços electrónicos o contacto se realizou é que aqui o abade já não põe as mãos no fogo...


Daí que a caminho do passal, já com os bolsos mais cheios graças à colecta feita nas vazas dos jogos de bisca, aqui o abade pensou pra consigo próprio e constatou que, se aqueles dois simples carneiros de Deus conseguiram encaminhar a sua vida graças ao Magalhães, pelo custo de meia dúzia de euros e já com Internet incluída, então também a santa casa se poderia abrir ainda mais aos fieis.


E vai daí, aquando da ultima ida à cidade, aqui o abade aproveitou as contribuições da ultima festa da aldeia e vai de comprar meia dúzia de pequenos Magalhães para por ao serviço da comunidade...


Agora com o slogan de “Se graças ao Magalhães eles são agora os reis do gado, também vocês podem entrar no negócio”, o abade finalmente abriu a paróquia ao mundo e vice-versa.


A verdade, verdadinha é que enquanto escorrem as linhas desta crónica nesta tela de cristais líquidos, vários paroquianos, em contrapartida de uma pequena esmola para a conservação deste templo, vão mudando o rumo ás suas vidas. Em pouco mais de um mês aqui o abade realizou mais de 20 casamentos sem fronteiras entre paroquianos e outros que nem português entendem (a nossa paroquia é hoje multilingue, um misto de América do sul, leste da Europa, Indochinas e afins), a paróquia tornou-se na capital do gado, para além de uns poucos de afortunados que, graças ao computador cuja doação para o seu uso é consideravelmente mais elevada, foram ganhando umas valentes notas jogando a umas espécies de biscas lambidas pelo mundo virtual.


Até o abade agora tem umas Marineides e uma Svetlanas pra o coadjuvarem nas tarefas da paroquia…e tudo graças ao Magalhães!!!!


...e tenho dito!!!

Sem comentários: